Projeto de Pesquisa
O EPOCA (Estudo de Prevalência da Obesidade em Crianças e Adolescentes de Florianópolis, SC) tem por objetivo analisar a tendência da prevalência de obesidade e fatores associados em escolares de 7 a 14 anos do município de Florianópolis, SC. Pretende-se estimar a tendência da prevalência de obesidade, a partir da comparação de dados obtidos nos anos de 2002, 2007, 2012 e 2018/2019. Em 2018 e 2019, foram coletados dados antropométricos, de desenvolvimento corporal, sociodemográficos, de consumo alimentar, de atividade física e lazer e comportamentos sedentários de uma amostra probabilística de 1648 escolares de 7 a 14 anos em 30 escolas públicas e privadas de ensino fundamental do município.
O projeto tem como entidade executora o Departamento de Nutrição da UFSC, envolvendo professores, alunos de graduação, mestrado e doutorado em Nutrição, Educação Física, Fonoaudiologia, Saúde Coletiva e Informática/Estatística. É financiado pela FAPESC e conta com a parceria das Secretarias Estadual e Municipal de Educação.
A coleta de dados iniciou em setembro de 2018 e foi finalizada em dezembro de 2019.
OBJETIVOS
Objetivo Geral
Analisar a tendência da prevalência de excesso de peso (sobrepeso/obesidade) e fatores associados em escolares de 7 a 14 anos do município de Florianópolis, SC.
Objetivos específicos
- Determinar a prevalência de sobrepeso, obesidade e baixo peso em escolares de 7 a 14 anos de idade, considerando aspectos socioeconômicos e geográficos do município de Florianópolis;
- Efetuar correlações entre os índices antropométricos utilizados para realizar o diagnóstico nutricional: Índice de Massa Corporal (IMC), Circunferência da Cintura, Índice de Circunferência Muscular Braquial (CMB) e Índice de tecido adiposo;
- Identificar os fatores determinantes do estilo de vida dos escolares, a partir de investigações sobre as atividades físicas, atividades sedentárias e o consumo alimentar utilizando o Sistema de Monitoramento do Consumo Alimentar e Atividade Física (CAAFE);
- Analisar as possíveis associações entre fatores do estilo de vida com os índices de sobrepeso, obesidade e baixo peso.
- Avaliar a tendência das prevalências e a evolução da composição corporal dos escolares, a partir da comparação com os dados obtidos em 2002, 2007 e 2012.
- Propor normas, medidas e sugestões para a elaboração de programas de reorientação e/ou reeducação alimentar e nutricional, a ser implantados na rede de ensino fundamental do município de Florianópolis e outros municípios catarinenses.
METODOLOGIA
Tipo do estudo: O desenho do estudo, em função dos objetivos da pesquisa, pode ser caracterizado como um uma série temporal (estudos repetidos), no qual serão relacionadas as informações a serem obtidas em 2012 e em 2018/2019 com os resultados dos inquéritos anteriores realizados em 2002 e 2007 (periodicidade de 5 anos).
AMOSTRA E AMOSTRAGEM
Amostragem
O processo de amostragem foi realizado por conglomerados, tendo como unidades amostrais primárias as 85 escolas do município. Para a seleção das escolas, as mesmas foram inicialmente divididas em 10 estratos, de acordo com as regiões administrativas do município de Florianópolis (Centro, Continente, Norte, Leste e Sul) e o tipo de escola (Pública ou Privada). Em cada estrato foram selecionadas aleatoriamente as escolas incluídas no estudo. Posteriormente realizou-se a seleção dos alunos avaliados em cada escola, através de um processo de amostragem sistemática com base na lista de escolares disponíveis em cada escola. Considerando os dados da pesquisa de 2007, em relação ao coeficiente de correlação intra-classe em relação à prevalência de excesso de peso (CCIC=0,008), e considerando o número total de escolas disponíveis para esta pesquisa (n=85), foram selecionadas um total de 30 escolas (35% do total de escolas), e dentro de cada uma foi avaliada uma média de 100 crianças. Considerando este plano amostral foi possível atingir um número de crianças bastante aproximado com o estimado no cálculo de tamanho de amostra (n=2880), e com o efeito de delineamento desejado (DEFF=1,8).
Cálculo do tamanho da amostra
Para a estimativa da amostra de escolares na faixa etária de 7 a 14 anos foram utilizadas as informações do censo escolar do site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), disponível e atualizada até dezembro de 2010 (INEP, 2011). O universo do qual foi selecionada a amostra inclui um total de 45.247 alunos, distribuídos entre 85 escolas do Município de Florianópolis que apresentam alunos matriculados nestas faixas etárias (7-14 anos).
Para o cálculo do tamanho da amostra para a estimativa de prevalência foi considerado como desfecho o conceito de excesso de peso (sobrepeso/obesidade) em crianças de acordo com os critérios da OMS de 2006 (escore Z IMC/idade >+1,0) (Onis et al., 2007). As pesquisas realizadas com escolares de 7-10 anos da cidade Florianópolis em 2002 (Vasconcelos et al., 2002) e em 2007 (Vasconcelos et al., 2005),) encontraram prevalências de excesso de peso de 30% e 34%, respectivamente. Considerando estes parâmetros, a prevalência esperada para 2012 e usada para o cálculo de tamanho de amostra foi de 38%. Considerando um erro amostral de 3,5 pontos percentuais (bicaudal) e um intervalo de confiança de 95%, o tamanho de amostra necessário para a pesquisa seria de 727 crianças. Considerando um efeito de delineamento (DEFF) de 1,8 (estimado com base na pesquisa de 2007) o tamanho de amostra total necessário seria de 1309 crianças. Considerando que, para poder realizar comparações com as informações coletadas em 2007 os dados serão estratificados por faixa etária (7-10 anos e 11-14 anos), este tamanho de amostra foi duplicado, totalizando assim 2618 crianças a serem entrevistadas. Acrescentando 10% a este valor por eventuais perdas ou recusas à pesquisa, o tamanho de amostra final foi de 2880 crianças.
Mantendo valores fixos para a prevalência do desfecho (38% para excesso de peso), do poder do estudo (80%), do erro alfa (5%) e da razão de prevalência (RP=1,5), foram realizadas simulações considerando diferentes prevalências para a exposição e para as prevalências de doença entre os não expostos. Considerando estes parâmetros, o maior tamanho de amostra necessário para testar associações (considerando uma prevalência de exposição de 5%) foi inferior ao tamanho de amostra obtido no caso da estimativa de prevalência (n=2880), mesmo após acréscimo para eventuais perdas/recusas e ajuste para fatores de confusão. Simulações adicionais mostraram que mesmo com prevalências de excesso de peso de 30% e com prevalência de exposição de 5%, este tamanho de amostra seria ainda suficiente para encontrar razões de prevalência iguais ou superiores a 1,5 com poder de 80% e alfa de 5%.
Levantamento 2018/2019
Para a estimativa da amostra foram utilizadas as informações do censo escolar do site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP, 2017). Utilizou-se a prevalência em 2012 de 37% (D’Avila et al., 2016), um erro amostral de 3,5 pontos percentuais (bicaudal), um IC 95%, efeito de delineamento (DEFF) de 1,8 (estimado com base na pesquisa de 2007) e considerando as estratificações e acréscimo de 10%, o tamanho de amostra final foi de 2880 crianças. O processo de amostragem foi por conglomerado. Inicialmente foram sorteadas aleatoriamente 20 escolas, sendo 10 estaduais e 10 municipais. O sorteio foi estratificado por região de Florianópolis (leste, sul, norte, centro e continente). Posteriormente, foram sorteadas uma sala de aula de cada série do 2º ao 9º ano da escola. Todas as crianças da série sorteada foram convidadas a participar do estudo.
Participaram do estudo escolares matriculados do 2º ao 9º ano de escolas públicas do município de Florianópolis. Foram considerados os seguintes critérios de inclusão: escolar ter mínimo sete anos de idade completos e no máximo 14 anos e 11 meses de idade, possuir o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) assinado pelos pais ou responsáveis e possuir o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TA) assinado pelo escolar ou pelos pais ou responsáveis, e estar presente na escola nos dias da aplicação dos instrumentos. Foram excluídos do estudo os escolares que apresentarem alguma patologia que poderia impedir o registro do consumo alimentar e atividade física, além da avaliação antropométrica.
RESULTADOS ESPERADOS
Como resultados científicos esperam-se a publicação de pelo menos dois artigos em periódicos internacionais; três artigos em periódicos nacionais; apresentações de temas livres em eventos científicos; produção de no mínimo duas dissertações de mestrado; produção de uma tese de doutorado; confecção de no mínimo três trabalhos de iniciação científica de bolsistas do PIBIC/CNPq/UFSC; treinamento e orientação de acadêmicos dos Cursos de Graduação em Nutrição e Educação Física da UFSC; concessão de entrevistas nos meios de comunicação e confecção de um livro/cartilha de educação alimentar e nutricional para escolares.
A partir dos dados obtidos serão realizados diagnósticos nutricionais em cerca de 2.880 crianças de 7 a 14 anos de idade do município de Florianópolis, os quais possibilitarão identificar os níveis de normalidade, sobrepeso, obesidade, magreza e desnutrição existentes nesta faixa etária. Além disso, possibilitarão a construção de curvas de distribuição percentil do Índice de Massa Corporal (IMC), as quais poderão se constituir em importantes valores de referência para a população escolar do município.
Os dados de consumo alimentar possibilitarão a identificação dos hábitos e padrões alimentares, os quais aliados aos de atividade física e comportamento sedentário fornecerão um perfil de aspectos do estilo de vida destes escolares. Posteriormente, os estudos de associação poderão identificar determinados padrões de comportamento mais propensos em grupos expostos.
Portanto, espera-se que os resultados desta investigação possam gerar a produção de novos conhecimentos científicos, que possibilitarão um estudo comparativo entre países e regiões, bem como subsídios para a elaboração de programas de reorientação e/ou reeducação alimentar e nutricional dirigido a este grupo etário, podendo contribuir, desta maneira, para a elevação da qualidade de vida e de desenvolvimento social da população.
ORÇAMENTO